segunda-feira, 17 de março de 2014

Amamamentação em livre demanda

A princípio, gostaria de ressaltar que, com esse blog, não tenho qualquer pretensão de ditar regras ou escrever o que as mães devem fazer com seus filhos. Pelo contrário, procuro demonstrar que, na maternidade, não existe certo e errado. Cada bebê é diferente e, não devemos buscar a padronização do comportamento deles, com fórmulas pré-estabelecidas. Por tal razão, nunca gostei muito de livros que prometem dar a receita do sono perfeito do bebê ou aqueles que indicam como a mãe deve agir com sua criança para que ela seja de tal maneira. O que faço aqui é relatar minhas experiências, dar dicas de coisas que deram certo para mim, expor opiniões sobre educação ou nutrição, com base naquilo que estudei a respeito, etc.
Se há algo que deve ser comum a todas as mães, esse é o amor.  E não pensem que a expressão do amor, em excesso, é ruim. Amor demais não traz qualquer malefício, não forma crianças mimadas, até porque, falar não à um filho é também um ato de amor, e dos maiores, pois como é difícil essa tarefa!
Quis escrever isso para introduzir dois posts que venho ensaiando há algum tempo: o sono do bebê e a amamentação.
 
Isso porque minhas escolhas referentes a tais assuntos são um tanto controvertidas e já me renderam vários olhares tortos e torções de nariz!!
 
Começarei pelo segundo caso, pois não gera tanta polêmica quanto o primeiro, haha.


 
Minha opção foi a amamentação em livre demanda. Foi assim já com a Isabela (minha primeira filha), mas só depois de ter sofrido muito por não entender o motivo de seus choros constantes. Não tinha orientação e, o máximo que me falaram foi: dar de mamar de 3 em 3 horas / choro de bebê é fome, fralda suja ou sono - não estou contando as cólicas, pois estas eu conseguia identificar.
Ela começava a chorar, lá ia eu checar a fralda: estava limpa....ela tinha acabado de dormir...não tinha dado ainda o intervalo de 3 horas desde a última mamada...o que eu fazia?!! Ficava desesperada!
 
Ela queria mamar, porque as vezes o bebê sente sede antes do horário que estabelecemos, principalmente no calor. Pode sentir fome mais vezes em um dia do que no outro, assim como nós. Além disso, amamentação é mais do que um ato de nutrir o bebê, é um ato de carinho, é o contato, o colo, o toque, o cheiro e o bebê sente falta disso também. Eu pratico a maternidade instintiva e com apego, razão pela qual fiz essa opção de amamentação. Porém, essa "modalidade" por livre demanda não significa que precisamos estar à disposição do bebê 24hrs por dia. Ele mesmo aprende a regular seus horários, de acordo com sua sensação de saciedade - o que será um grande aliado contra a obesidade no futuro.
A livre demanda, ao contrário do que pensam, me libertou e não escravizou. Me libertou do relógio, me libertou do pré-fixado e me libertou para meu bebê, para eu entendê-lo e atendê-lo da forma que achei mais apropriada.
Livre demanda significa dar de mamar quando o bebê quer/precisa, mas também quando a mãe quer, sem olhar no relógio, independente da última mamada ter sido há 10 minutos ou há 3 horas.
A Estela já está se auto-regulando e, sozinha, definirá seus próprios horários, livre de um "cronograma".
 
Dou de mamar para a Estela nesse ritmo e tenho tempo para a Isabela, para fazer comida, trabalhar (de casa), ficar com meu marido, ler livros e até fazer exercícios físicos. No ultimo sábado, inclusive, fiz algo que não imaginei fazer tão cedo: fui ao cabeleireiro sozinha. Deixei as duas com meu marido, dei de mamar para a Estela e fui ao salão perto da minha casa. Ela dormiu e, quando acordou, ficou tranquila, sem qualquer choro ou reclamação.
 
Com relação a Isabela, amamentei os seis meses de forma exclusiva e estendi até que completasse um ano e meio. Com a amamentação por livre demanda, nunca precisei dar à ela complementos, sempre tive muito leite e ela ganhou o peso que precisava. O desmame foi tranquilo, pois mostrei a ela que, embora não tivesse mais o peito, sempre teria o colo. Pegava-a no colo da mesma forma que fazia para dar de mamar, mas dava o outro alimento.

Não sei por quê as pessoas insistem em bradar por todos os cantos "não pegue muito o bebê no colo, senão ele se acostumará mal"; "não o console, deixe-o chorar"; não faça isso, não faça aquilo! Na minha opinião, temos que pegar o bebê no colo SIM, consolá-lo SIM! De onde tiraram que dar carinho, colo, estar perto da criança lhe faria mal?
O afeto é tão importante para o desenvolvimento da criança quanto o alimento. Tal premissa restou provada por Harry Harlow e seu experimento com macacos. A experiência - cruel, diga-se de passagem - consistia em tirar os macacos da mãe, logo nos primeiros momentos de vida, e deixá-los com uma "mãe substituta". No primeiro momento era um cobertor e observou-se como os macacos se apegavam à ele.
Posteriormente ele colocou uma "mãe" de arame, que fornecia alimento e uma "mãe" feita de tecido macio e felpudo, que não fornecia qualquer alimento. Observou-se que o macaco procurava o alimento na "mãe" de arame, mas apegou-se à mãe macia, buscando o afeto.
 
Como ensinava o médico francês Frederick Leboyer:
 
“Ser carregadas, embaladas, acariciadas, tocadas, massageadas, cada uma dessas coisas é alimento para as crianças pequenas. Tão indispensáveis, se não mais, que vitaminas, sais minerais e proteínas. Quando privadas de tudo isso e do cheiro e do calor e da voz que tão bem conhecem, as crianças, ainda que estejam fartas de leite, se deixam morrer de fome”.
 
 
Referência: www.aleitamento.com
Foto: bebe.abril.com.br

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